ONG aposta na formação profissional para dinamizar o mercado de trabalho
A meta é realizar uma conferência internacional para a troca de informações entre países com destaque aos de expressão portuguesa, nos quais está Angola
ONG aposta na formação profissional para dinamizar o mercado de trabalho
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Francisco Inácio
A Giz FormPro está apostada na formação profissional de quadros angolanos para o sector da construção civil.
A informação foi prestada pela directora do Programa de Formação Profissional para o Mercado de Trabalho (FORMPRO), Edda Grunwald.
Em entrevista ao JE, a responsável da GIZ FormPro, uma organização não-governamental que resulta de uma parceria entre os governos da Alemanha e de Angola, disse que a iniciativa se justifica pelo facto de Angola encontrar-se numa fase de construção e reconstrução das suas infra-estruturas a nível nacional, o que implica a necessidade de contar com profissionais qualificados.
Para efeito, a FormPro em parceria com o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP) tem estado a organizar conferências nas quais são convidados as instituições do Estado, centros de formação profissional, especialistas alemãs e angolanos com o objectivo de debater as estratégias de fomento à formação profissional com vista a garantir técnicos qualificados para o mercado de trabalho.
“O objectivo deste programa é melhorar a relevância e qualidade da formação profissional praticada em Angola”, referiu Edda Grunwald, para acrescentar que, “através deste método, é possível fazer uma ponte entre as empresas e o sector de formação profissional, oferecendo várias vantagens, como o baixo custo de implementação e a curta duração em termos de concepção dos currículos e a sua execução”.
Neste momento, ambas as instituições trabalham no sentido de implementar o método DACUM (sigla inglesa develop a curriculum), para fazer face aos desafios actuais a nível da formação profissional. Para isso, dizem os especialistas, é necessário cada vez mais recorrer à inovação, através da implementação de novos métodos e técnicas, internacionalmente, reconhecidas para a melhoria da qualidade no sector de formação técnico-profissional.
O método Dacum implica “desenvolver um currículo” e visa essencialmente o desenvolvimento de capacidades com base nas necessidades do mercado de trabalho.
O método Dacum foi desenvolvido nos EUA e no Canadá, na década de 60, e desde já tem sido muito usado por governos, instituições de educação e de formação profissional e empresas de diversos países, destinando-se à análise ocupacional baseada em competências profissionais para identificar as necessidades do mercado de trabalho e do trabalhador (ou vice-versa), elaboração de currículos, certificação de competências, elaboração de cursos e planeamento de carreira.
Parceria com Inefop
De acordo com Adão Mateus Tavira, director-adjunto do Inefop, o método Dacum é muito usado para a actualização dos perfis profissionais curriculares de modo que estes correspondam às exigências do mercado de trabalho.
“O Estado não tem capacidade para empregar todos, mas pode apoiar aquelas pessoas que têm potencial para gerar o seu próprio negócio e criar empregos. Por isso, o Inefop, através dos centros de empreededorismo e incubadoras de empresa, tem vindo a oferecer a formação de que estas precisam”, disse.
É preocupação do Executivo angolano ir criando as condições para fomentar o emprego no mercado de trabalho. Neste momento, estão a ser criados mecanismos e equipas especializadas para fomentar os cursos sobre empreededorismo.
A iniciativa da FormPro cria um link entre as empresas e as instituições de formação profissional. A implementação do método Dacum vai oferecer resultados positivos, porquanto a sua utilização noutros países foi bem-sucedido, nomeadamente nos Estados Unidos, França, Espanha, etc.
Este método tem a vantagem de permitir uma rápida revisão ao processo da sua utilização e a sua criação em pouco tempo. Portanto, permite que, a qualquer momento, seja possível fazer os devidos ajustamentos.
O sucesso de toda a actividade de formação profissional passa necessariamente pela qualidade do pessoal que dá essa formação. Para Adão Tavira, a conferência organizada em Março último pela FormPro é um passo nessa direcção. “Solicitamos aos nossos parceiros da Alemanha que nos auxiliem em termos de metodologia para desenvolver no país as regras mais adequadas para o sucesso da formação profissional”, afirmou.
Desenvolvimento do sector
O Mapess superintende o Instituto Nacional de Emprego e Formação Profissional (INEFOP), como entidade executora. O Inefop mantém estruturas descentralizadas em todas as províncias do país, num total de 450 centros de formação técnico-profissional (incluindo entidades privadas), entre eles: 29 centros de formação profissional, 13 centros integrados de emprego e formação profissional, 35 centros móveis de formação, 59 pavilhões de artes e ofícios e 280 centros de formação de operadores privados (cifras segundo o Business Report of Angola, 2010).
Os centros de formação profissional disponibilizam aos jovens e adultos, empregados e desempregados, formação e qualificação, visando facilitar a sua integração na vida activa e melhorar as suas condições para a manutenção do emprego.
Os centros integrados de emprego e formação profissional reforçam especialmente a estreita ligação entre a formação profissional e a colocação no emprego e contribuem para os esforços do Governo no sentido de agilizar o mercado de trabalho.
O sistema de formação técnico-profissional visa, ainda, reforçar tanto a preparação pedagógica dos formadores e docentes, como o desenvolvimento de competências dos gestores das estruturas de formação e emprego, através do Centro Nacional de Formação de Formadores (CENFFOR).